Teorema de Stolper-Samuelson
O teorema de Stolper-Samuelson é um teorema que estuda a economia internacional e os fluxos de comércio. Especificamente, estuda a relação entre os preços relativos dos bens de produção e a remuneração real dos fatores.
O teorema de Stolper-Samuelson procura estudar a relação entre os preços relativos dos bens de saída, ou seja, os bens que são exportados, e a remuneração relativa dos fatores, ou seja, a lucratividade obtida. Em outras palavras, estuda a relação entre os salários reais e o retorno real do capital.
O teorema, como o próprio nome descreve, foi formulado pelos economistas Wolfgang Stolper e Paul Samuelson em 1941. O teorema é publicado em relação ao modelo proposto por Heckscher-Ohlin, que analisou, da mesma forma que ele, os fluxos de comércio e as teorias da vantagem absoluta e comparativa de Adam Smith e David Ricardo.
Dessa forma, a proposta de Samuelson e Stolper nos mostra que mudanças nos preços relativos dos bens têm efeitos distributivos sobre a renda dos fatores.
Em outras palavras, o teorema contempla que, sob certas premissas, um aumento no preço de um bem de produção causa diretamente um aumento na lucratividade do fator mais intensivo na produção da mercadoria. Isso, ao mesmo tempo, provoca uma queda na lucratividade dos demais fatores de produção, menos intensivos na produção.
Conclusões do teorema de Stolper-Samuelson
“O comércio internacional faz com que a remuneração real dos fatores de produção em que o bem em que um país tem vantagem comparativa seja intensiva seja inequivocamente favorecida em detrimento da remuneração real dos demais fatores.”
Embora as conclusões, segundo os autores, fossem as citadas no parágrafo anterior, a verdade é que o debate incidiu sobre outras questões.
Em outras palavras, o debate que Samuelson e Stolper propuseram é que, segundo seu modelo, as importações de bens e serviços de países que possuem mão de obra mais barata afetam negativamente os salários dos trabalhadores de países mais ricos.
E é que, apesar de Samuelson ser a favor do livre comércio, essas situações tiveram que ser corrigidas, justamente, para promovê-lo. Bem, entre as conclusões do teorema, devemos destacar que estamos falando da mais importante.
Em 1977, por exemplo, outros economistas, como Ronald W. Jones e José Scheinkman, confirmaram o teorema.
Em um cenário globalizado, o teorema, apesar de suas limitações, está intimamente relacionado à realidade. Quando importamos do exterior mercadorias mais baratas, os produtos locais não podem competir e são obrigados a reduzir sua lucratividade e, com isso, a renda dos funcionários no país. Pois bem, apesar de haver um fator específico que beneficia, os demais são afetados, o que pode acabar prejudicando esse beneficiário, sobrecarregando a economia.
Desenvolvimento do teorema
Os primeiros modelos propostos por Heckscher e Ohlin eram bastante rudimentares. Eles usaram dois fatores, com mercados de trabalho especificados, além de outros pressupostos difíceis de replicar no estudo da economia real.
No entanto, o teorema de Stolper-Samuelson mudou essa situação.
Este teorema, ao contrário do anterior, implementa um modelo mais sofisticado, implementando novas variáveis e até diferentes níveis de produtividade. Uma série de melhorias que tornaram possível fazer previsões mais precisas e confiáveis.
Tanto que o teorema foi capaz de mostrar que os trabalhadores pouco qualificados e que produzem bens comercializáveis nos países desenvolvidos também se sairão menos à medida que o comércio internacional aumentar.
Os autores relacionam isso ao teorema do fator de estabilização de preços, também citado no modelo proposto por Ohlin. Este teorema mostra que, apesar da mobilidade dos fatores, os preços se igualam desde que não difiram em sua tecnologia. As referidas afirmações, sob este modelo, são cumpridas.
Formulação matemática do teorema
De acordo com o teorema, imagine uma economia que produz apenas dois tipos de bens: cereais e têxteis.
Da mesma forma, imaginemos que os fatores de produção existentes nesta economia também sejam dois: trabalho e terra. Ambos os fatores apresentam intensidade, enquanto assumimos que os preços dos produtos tendem a se equalizar pela teoria marginal.
Com esses dados, a fórmula que descreveria os preços dos têxteis seria a seguinte:
P(C) = ar + bw
Onde:
- P(C) = Preço dos têxteis.
- r = Renda do proprietário.
- w = Pagamento de salários.
- a = Quantidade de terra usada.
- b = Quantidade de trabalho utilizada.
Por outro lado, a fórmula que descreve o preço dos cereais é a seguinte:
P(W) = cr + dw
Onde:
- P(W) = Preço dos cereais.
- r = Renda do proprietário.
- w = Pagamento de salários.
- c = Quantidade de terra utilizada.
- d = Quantidade de trabalho utilizada.
Portanto, com base na análise e nos efeitos de Stolper-Samuelson, essas equações explicam a forma como a renda dos fatores é redistribuída em função da direção tomada pela variação do preço relativo dos bens finais e da intensidade do uso dos recursos. .
Nesse contexto, o teorema de Stolper-Samuelson indica que o aumento do preço de um dos bens finais, por exemplo, o têxtil, leva a um aumento da renda do fator que é usado intensivamente naquele setor, o trabalho. , e em geral, a uma diminuição da renda do fator que não é usado de forma intensiva, a terra.+
A representação gráfica do teorema
Assim, na imagem a seguir podemos ver uma representação gráfica que exemplifica o teorema de Stolper-Samuelson.
Nessa representação gráfica, é coletado o deslocamento sofrido por uma curva de um determinado bem, que chamamos de T1, sendo este trabalho intensivo. Como se vê, esse deslocamento que indica a variação do preço relativo de um bem, da mesma forma, afeta a renda do fator mais intensivo, que é o trabalho.
Mas isso, em detrimento dos demais fatores, não esqueçamos.
Crítica do teorema de Stolper-Samuelson
Com a liberalização do comércio, muitos questionaram a validade desses modelos.
Dentre eles, destaca-se Leontief, que formulou, a partir desse teorema, uma crítica baseada no fato de que não se sustentou o que foi proposto por Stolper e Samuelson, introduzindo o livre comércio e observando o que ocorreu na América Latina.
Nesse sentido, o teorema descreve que os países se especializam e exportam aqueles bens produzidos com o fator mais intensivo. No entanto, nos Estados Unidos, são exportados bens intensivos em mão de obra qualificada, e não em capital. Da mesma forma que outro país emergente, com menos capital que os Estados Unidos, pode exportar mais bens intensivos em capital devido aos fluxos de investimentos estrangeiros.
Dessa forma, Leontief, como outros economistas ao longo da história, propôs novas formulações que colocam em dúvida um teorema que alguns já consideram “morto”.