Quais serão os custos de uma repetição eleitoral na Espanha?
Mais uma vez, a falta de acordo político leva a Espanha a novas eleições, as quartas desde dezembro de 2015. Muitos estão preocupados, se perguntando: quanto custará organizar um novo compromisso com as urnas?
Arrancar toda a maquinaria eleitoral, mobilizar as forças de segurança, empresas como os Correios, contratar uma empresa que se encarrega de divulgar os resultados e apoio informático, as campanhas eleitorais dos diferentes partidos políticos, pagar os membros das assembleias de voto e funcionários, não é algo que vem de graça para o Estado. De fato, entre 2015 e 2019, foram gastos 540 milhões de euros nos diferentes eventos eleitorais.
Tal como aconteceu em abril de 2019, trata-se de uma convocatória para eleições marcadas por circunstâncias imprevistas. Assim, orçamentos semelhantes são considerados e procedimentos idênticos são seguidos. Pois bem, neste contexto, é utilizado o Fundo de Contingência, que fornecerá os valores necessários para cobrir situações inusitadas. Portanto, para as eleições de novembro, estaríamos falando de um orçamento em números redondos de 139 milhões de euros.
Deve-se notar que os subsídios aos partidos políticos permanecem fora do Fundo de Contingência orçado. Neste caso, compete ao Governo aprovar um decreto com as diferentes atribuições que correspondem a cada partido político. Estes benefícios representariam um total de 31 milhões de euros para o tesouro público.
Em que é gasto o orçamento eleitoral?
Agora, vamos nos concentrar em como os diferentes itens do orçamento eleitoral são distribuídos.
Comecemos pelos Correos, que absorvem 40,6% do orçamento. A empresa pública terá um total de 56,5 milhões de euros. Este montante deverá ser utilizado para financiar as despesas de gestão do voto por correspondência, informação dos membros das diferentes assembleias de voto e propaganda eleitoral.
Com 14,5% do orçamento, é seguido pela Administração Eleitoral. Neste capítulo encontramos as Juntas Eleitorais, cuja função é fiscalizar o correcto desenrolar das eleições. Assim, cada pessoa que faça parte de uma assembleia de voto receberá 65 euros e terá a possibilidade de requerer a redução do horário de trabalho bem como outros direitos adicionais.
Informação e comunicação em um evento tão importante quanto as eleições é essencial. Portanto, cabe ao Governo a contratação de uma empresa responsável pelas telecomunicações e pela divulgação dos resultados eleitorais. O procedimento utilizado para a seleção e contratação será o de concurso público. Tomemos como exemplo as eleições de abril de 2019, onde foi estabelecido um limite máximo de gastos de 10 milhões de euros. Nessa ocasião, a Indra ganhou o concurso por 7,44 milhões de euros.
Assim, a empresa escolhida no concurso público terá também de prestar apoio informático e disponibilizar os dados eleitorais na base de dados do Ministério do Interior.
Quando entramos numa assembleia de voto encontramos uma infinidade de boletins de voto, envelopes, assembleias de voto e cabines que garantem a nossa privacidade ao votar. Deixar as assembleias de voto prontas para as eleições custará ao Estado um total de 13,1 milhões de euros.
Como explicamos anteriormente, cada encontro com as urnas implica um grande desdobramento do aparelho de Estado. Por isso, para garantir a segurança, é necessária a presença da polícia, que está estimada em 14 milhões de euros. Não podemos esquecer o custo do Censo, que implica mais 7,2 milhões de euros. E, por fim, refira-se que, para o bom desenrolar das eleições, é necessária uma boa cooperação entre a Administração do Estado e as corporações locais ou autarquias, o que se traduz em mais 7 milhões de euros.
O custo da campanha eleitoral
Além dos custos organizacionais de uma eleição, há outro aspecto que preocupa particularmente os cidadãos. Estamos a falar do dinheiro público que irá para os partidos políticos para poderem pagar a sua campanha eleitoral. Pois bem, de acordo com a Lei Orgânica do Regime Eleitoral, a repetição das eleições implica um decréscimo de 30% para esta classe de itens. Acrescente-se ainda que a campanha será mais curta: 8 dias contra 15 dias para as eleições de abril.
Vemos como esse corte de gastos marcado pela lei afeta: se não ocorrerem novas eleições, os partidos políticos teriam um total de 44,3 milhões de euros para distribuir. No entanto, a redução desses 30% devido à repetição eleitoral deixará cerca de 31 milhões de euros que devem ser distribuídos entre os diferentes partidos políticos.
Por fim, e para se ter uma ideia da magnitude do assunto, novas eleições em Espanha, somadas às realizadas nos últimos quatro anos, seriam equivalentes ao valor nada desprezível de 540 milhões de euros. Ou seja, o equivalente a 25% do orçamento destinado ao combate ao desemprego juvenil nos próximos dois anos. Muito preocupante, tudo está dito, tendo em conta que a Espanha tem o maior desemprego juvenil da União Europeia, atrás da Grécia.