O que espera o México com Joe Biden?
O México é um dos principais interessados em conhecer as mudanças que a presidência de Biden trará. As relações comerciais preocupam um país que precisa se recuperar do duro golpe causado pela COVID-19.
Depois de muitos momentos de tensão no país americano, os Estados Unidos parecem pôr fim a um debate que vinha arrastando os cidadãos desde antes da campanha eleitoral, no ano passado. Apesar das tensões sociais, dos tumultos nas ruas de todo o país, e mesmo tendo presenciado um assalto ao Capitólio da democracia mais antiga do mundo, o país já escolheu quem será seu próximo líder, sendo este o democrata Joe Biden. Um Joe Biden que tomará posse, se tudo correr como esperado, nesta quarta-feira, 20 de janeiro.
No entanto, ao contrário de outras cerimónias de investidura, a celebrada este ano pretende ser a mais triste de todas. E é que, embora as grandes mobilizações sociais façam com que os Estados Unidos sejam um país que demonstrou não temer o vírus tanto quanto outros países do planeta, a pandemia obrigará os organizadores do evento a não abrigar os milhares de cidadãos que, como é característico acompanharem o presidente eleito na cerimónia, mas este ano terão de o acompanhar online. Uma cerimónia em que esta pandemia terá um papel fundamental, mas também aquela tensão vivida por muitos eleitores republicanos, para a qual foram mobilizados milhares de soldados na capital, e que não estão tão contentes com o resultado eleitoral, bem como com a forma como em que essas eleições foram realizadas.
No entanto, quem não vai perder a cerimônia é o México, assim como seus cidadãos. Assim, como refletem os dados a esse respeito, o país asteca é um dos principais parceiros comerciais dos Estados Unidos, bem como um de seus vizinhos mais interessados. Nesse sentido, as mudanças que o novo presidente planeja adotar são de grande importância para o presidente mexicano, pois afetam diretamente a economia asteca. Em um contexto como o atual, e diante da possibilidade de mudanças em tratados tão importantes quanto o NAFTA, o México está ansioso pelo novo rumo que o novo presidente eleito pretende adotar. Este, bem como outros aspectos como a regulamentação da imigração, são alguns dos pontos que, apesar de terem suscitado tensões entre os seus cidadãos,
Uma dependência perigosa
“As exportações do México para os Estados Unidos, após o cálculo realizado, sustentam 31,2% do PIB do país.”
No entanto, e apesar desta tensão que o país vive, a validade da cerimónia é total, pelo que os Estados Unidos iniciam uma nova legislatura, deixando para trás a era Trump. Além disso, e dado que estamos a falar de dois presidentes que, no que diz respeito às suas políticas, estão no extremo oposto do espectro, esta legislatura traz consigo inúmeras mudanças para o país. Em outras palavras, quando se trata de deixar a era Trump para trás, nunca uma frase de ações foi tão fundamentada. Pois bem, como pode ser observado em ambos os programas, seu contraste reflete mudanças importantes que buscam mudar o rumo que o país havia tomado até agora sob o mandato republicano.
E é que, como dissemos, essas mudanças a que nos referimos devemos enfatizar que elas não afetam apenas os cidadãos dos EUA. Como o México, por sua vez, é apresentado como o principal parceiro comercial do país anglo-saxão desde que a China entrou em segundo plano, as mudanças discutidas também afetam a economia asteca. Assim, as relações que o ex-presidente mantinha com a China se deterioraram bastante, em um cenário em que Estados Unidos, Canadá e México conseguiram o tão esperado acordo comercial. Ambas as situações, que ocorreram simultaneamente, transformaram o México no principal parceiro comercial do país norte-americano, gerando assim uma dependência que hoje se apresenta como uma das principais ferramentas que o país asteca possui e na qual, juntamente com outros,
Para contextualizar um pouco mais, o comércio exterior é um dos principais elementos que contribuem para a economia mexicana. Segundo dados do Banco Mundial, cerca de 80% do PIB depende do comércio exterior. 80% dos quais, 39% do referido PIB, equivalem à contribuição das exportações de bens e serviços para a economia asteca. Mas se tentarmos detalhar ainda mais os dados mencionados, e tentar ver qual seria a contribuição das relações comerciais com os Estados Unidos para a economia mexicana, as exportações do México para os Estados Unidos, após o cálculo feito, suportam 31,2%. do PIB do país. Portanto, à luz dos dados,
Dois presidentes, dois mandatos
“Apesar de estarmos falando de líderes muito distantes em termos de ideologia, a política aplicada não prevê mudanças tanto quanto alguns analistas podem imaginar.”
No entanto, além das relações comerciais com o México, os Estados Unidos têm uma importância especial para o país asteca. A regulamentação da imigração, a ajuda que o país americano concede ao vizinho, a ajuda de que precisam para combater a COVID-19, bem como outras linhas de ação em que ambos os países trabalham juntos, são alguns dos pontos que o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador (AMLO), deve especificar com o novo presidente. Um presidente a quem AMLO lhe lembrou, aliás, o bom relacionamento que mantinham com o antecessor, para não pôr fim a uma estratégia que era muito benéfica para ambos.
Nesse sentido, não parece que Joe Biden será o único a pôr fim às relações comerciais entre os dois países. Nas declarações do atual presidente, as relações comerciais foram de grande importância para a equipe que liderará o novo mandato. Além disso, se for aplicado o que Joe Biden comentou sobre a campanha eleitoral, essas relações ganharão relevância ao longo de seu mandato, pois, ao longo das relações que mantém com o México, Biden pretende construir novas relações com outros continentes com os quais, devido à política protecionista tendência que ele queria seguindo Donald Trump, foram geradas tensões muito prejudiciais. Nesse sentido, o novo mandato poderia trazer novos acordos, com a Europa, que fortaleceriam essas relações dos Estados Unidos com o exterior.
Além disso, no que diz respeito à regulamentação da imigração, Biden também promete mudanças que podem melhorar essa delicada relação. Nesse sentido, as promessas feitas por Biden visam melhorar uma situação que, há anos, vem sendo destacada pelas principais organizações do planeta (ONU, FMI etc.). Os pedidos de asilo estão se multiplicando por segundo, mas as relações migratórias entre os Estados Unidos e os países latino-americanos, com a presidência de Donald Trump, ficaram muito estagnadas. Para Biden, essa obsessão de Trump com a imigração não tem relevância, então as oportunidades de residir no país americano devem aumentar com a nova presidência.
Por fim, no que diz respeito aos fundos para a América Latina, e especialmente para o México, Biden pretende intensificar os trabalhos nos países vizinhos, garantindo uma maior dotação econômica, principalmente em um momento em que os países dispõem de poucos recursos para combater a pandemia. Além disso, segundo Biden, o México não será o único beneficiário, pois espera-se que a ajuda comece a chegar a outros países da América Latina e Central, que, e com o mandato de Donald Trump, ficaram em segundo plano. Assim, estamos falando de um presidente que se define como mais solidário e condescendente com os países vizinhos ao sul. Portanto, nesse aspecto, o novo mandato promete uma relação mais fluida entre as economias que compõem o continente americano.
Assim, no que diz respeito aos três elementos centrais, já vimos que, apesar de estarmos falando de líderes muito distantes em sua ideologia, a política aplicada não só não prevê mudanças como alguns analistas poderiam imagine, mas sim, se o que foi prometido fosse cumprido, as relações melhorariam substancialmente, enquanto muitas tensões que haviam sido geradas pelas disputas que o ex-presidente teve poderiam ser resolvidas com a nova presidência. Em suma, estamos falando de previsões e promessas, pois o mandato está apenas começando e tudo ainda está para ser cumprido. E é que, com a situação que os Estados Unidos atravessam no momento, as promessas que se fazem hoje, em outro cenário possível, não puderam se concretizar.