Excesso de liquidez
O excesso de liquidez, do ponto de vista macroeconômico, é uma situação em que o sistema bancário tem mais dinheiro em circulação do que os bancos demandam, e isso gera um excesso de oferta monetária. Da microeconomia é uma situação em que a empresa possui excesso de caixa que não produz retorno.
Portanto, quando a oferta de moeda (que por sua vez se origina na base monetária) é muito superior à demanda, estamos diante de um excesso de liquidez macroeconômica. Em outras palavras, pessoas e empresas precisam de menos dinheiro do que existe no sistema e, portanto, os bancos comerciais exigem menos liquidez e, como a oferta de dinheiro é fixa, isso gera um superávit.
Essa mesma situação pode ocorrer em empresas individuais (microeconômicas). Nesse caso, eles têm excesso de caixa que não está produzindo nenhum retorno. As soluções são, seja investindo em um novo projeto, comprando uma oferta de produto que pode ser interessante por estar à venda, ou comprando títulos de renda fixa ou variável, com o objetivo de obter juros ou dividendos.
Por que ocorre o excesso de liquidez?
Existem três agentes econômicos que demandam dinheiro em uma economia: pessoas, empresas e o Estado em seus diferentes níveis de administração. Os bancos captam a poupança e emprestam dinheiro e compõem a chamada oferta monetária. Por outro lado, eles também precisam ter certas quantias em dinheiro exigidas por lei, que representam uma porcentagem do total de dinheiro que emprestam nos chamados sistemas de reservas fracionárias.
Tudo isso pode levar a situações em que a instituição financeira precisa de mais dinheiro em momentos específicos. Para aliviar esse problema, os bancos comerciais emprestam dinheiro do banco central. Isso lhes dá o dinheiro em troca de um juro que se chama intervenção e é isso que vai ser usado como referência para os empréstimos. Isso é conhecido como políticas monetárias expansionistas.
Relativamente à empresa, esta situação tem habitualmente a sua origem numa previsão de tesouraria excessiva, baseada por sua vez numa prudência excessiva da gestão. Por outro lado, também pode ocorrer quando os prazos de cobrança são muito mais curtos do que os prazos de pagamento.
Consequências do excesso de liquidez
Entre outros, em nível macro, um dos mais frequentes é a geração de bolhas. Dessa forma, se houver excesso, a lei da oferta e da demanda conclui que o preço desse bem deve cair. Em um mercado livre e do ponto de vista teórico, já que a taxa de juros é o preço do dinheiro, os bancos vão querer emprestar esses excessos baixando as taxas de juros. No entanto, não podem fazê-lo, pois existe um preço mínimo, o interesse legal. No final, optam por facilitar o acesso ao dinheiro, com o risco de criar bolhas ou excesso de crédito.
No nível micro, as consequências estão relacionadas ao custo de oportunidade de não obter retorno sobre esse dinheiro ocioso. Dessa forma, as empresas com excesso de liquidez devem resolver sua situação o quanto antes, pois o objetivo não é apenas evitar perdas, mas também maximizar lucros para otimizar recursos.
Um exemplo, a crise financeira de 2008 e os supermercados
Na macroeconomia, existem diferentes teorias sobre as causas da crise financeira de 2008. Não entraremos em detalhes sobre elas, mas todas concordam em um fator: liquidez excessiva. Assim, alguns autores acreditam que esse problema fez com que os bancos emprestassem dinheiro de forma um tanto irresponsável. Outros acreditam que o principal motivo foram os excessos bancários e um setor muito desregulado, mas com o mesmo problema.
Na microeconomia empresarial, um setor que costuma ter problemas de excesso de liquidez é o de grandes lojas. Estes recolhem em dinheiro e pagam por longos períodos de tempo. Seu ativo circulante é composto principalmente por estoques e caixa. Essas empresas, em períodos de altas vendas, muitas vezes optam por investir esse dinheiro excedente de forma temporária.