A dissidência, como conceito neutro, é a ação de separar-se de uma determinada doutrina ou pensamento. Mas, na ciência política, é assim que se chama o grupo de pessoas que saem de uma determinada organização por não concordar com os princípios que a sustentam. 

Quando se fala em dissidência, é feita de forma pejorativa e de dentro da própria organização. Ou seja, os membros que permanecem na organização chamam aqueles que a deixam de dissidentes, tenham ou não motivos legítimos para fazê-lo.

No caso de países sob forte ditadura, os dissidentes sofrem perseguição e, dependendo do que for decidido, são presos ou executados; já que a ausência de pluralidade é uma característica distintiva das autocracias.

Por outro lado, em organizações saudáveis, democráticas e transparentes não há dissidência como descrevemos. Pode haver pluralidade de opiniões ou, caso o indivíduo decida sair da organização, pode fazê-lo sem nenhum problema. 

Mais do que tipos de dissidência, vamos ver em que tipo de organizações a encontramos:

• Dissidência política : Considera-se como tal o grupo que, pertencendo a uma organização política como um partido, decide separar-se dela. Essa separação pode ter duas razões gerais: ou o dissidente mudou de ideia em relação às suas preferências; ou então é a posição do partido que mudou. Em ambos os casos, o resultado é o mesmo, a expulsão da organização. Além disso, como mencionamos anteriormente, se essa dissidência ocorre dentro de um país em que a qualidade democrática é marcada por sua ausência, o dissidente é perseguido por considerar que representa uma ameaça ao partido. Esses casos foram claramente refletidos, por exemplo, nos países comunistas do século XX.
• Dissidência religiosa : Na mesma linha do caso anterior, o dissidente religioso separa-se da fé que professava até agora. Ou porque a doutrina religiosa a que pertence está mudando seus valores ou princípios, ou porque o apelo da fé é menor. Em tempos em que a religião tinha poder quase absoluto, essa dissidência era penalizada. Porém, nos últimos tempos, com a secularização mundial, principalmente na Europa, isso mudou. Como exemplo paradigmático temos Henrique VIII, que se separou da Igreja Católica e do Papa de Roma por diferenças irreconciliáveis. 

É muito interessante notar como certos países definiram os dissidentes e como eles foram tratados. Para isso, veremos alguns exemplos:

• Coreia do Norte : No país norte-coreano, seu líder supremo Kim Jong-Un exerce o poder de forma despótica, mantendo toda a população sob o culto de sua pessoa, algo que já aconteceu com seus antecessores. O regime considera dissidentes todos aqueles que não processam o referido culto e aqueles que foram exilados para a Coreia do Sul ou outros países. As punições são geralmente campos de trabalho ou execução.
• URSS : O país soviético, sob controle bolchevique que começou na segunda década do século 20, designou muitos setores da população como dissidentes, incluindo pessoas que pertenciam ao partido. Religiosos, latifundiários, nobres e aqueles que apoiavam a Rússia czarista foram punidos com o exílio, a morte ou o gulag. Devido aos inúmeros confrontos que ocorreram pelo poder em diferentes fases do regime, aqueles que perderam a corrida pelo poder também foram acusados ​​de dissidência. Isso aconteceu com Trotsky, que após seu exílio foi finalmente assassinado no México em 1940.
• Cuba : Após a revolução de 1959, Fidel Castro e sua camarilha estabeleceram um regime comunista na ilha. As autoridades perseguiram todos os acusados ​​de serem contra-revolucionários. Como consequência, os Estados Unidos, especificamente a Flórida, tornaram-se um lugar típico para os exilados e perseguidos pela ditadura castrista. 
• Espanha : Após a vitória do lado nacional na guerra civil espanhola, o regime acusou de dissidentes a todos aqueles contrários aos seus valores e princípios. Mais tarde esses dissidentes foram presos ou executados, incluindo combatentes do lado republicano, ateus, independentistas e outros grupos. Prova disso foi a construção do Valle de los Caídos, construído por prisioneiros republicanos.