Crash de 1929 A Grande Depressão
A crise de 1929, também conhecida como Grande Depressão, foi uma das maiores crises econômicas que afetou as economias dos países industrializados.
Originou-se nos Estados Unidos, de onde se espalhou para outros lugares. O fim desta crise não pode ser colocado em um momento específico e idêntico para todos os países.
O início da Grande Depressão nos Estados Unidos
Podemos apontar o dia 29 de outubro de 1929 como o ponto de partida da Grande Depressão , dia que é lembrado como Terça-Feira Negra.
Durante este dia, o mercado de ações dos EUA caiu para valores nunca antes vistos. Embora nos dias anteriores os mercados de ações tivessem sofrido momentos delicados, o outono de 20 de outubro fez com que uma sensação de pânico se espalhasse rapidamente.
Pouco antes de isso acontecer, os investidores de Wall Street pensavam que havia começado uma era de ouro, na qual os mercados continuariam por muito tempo com alto grau de estabilidade e alto nível de preços. O economista norte-americano, Irving Fisher, viria a afirmar o seguinte ↓
Os preços das ações atingiram o que parece ser um patamar alto permanente.
Irving Fisher (1867-1947)
Na semana anterior à Black Tuesday, o mercado entrou numa situação de instabilidade que acabou com a sensação de euforia que se vivia até então. Dessa forma, antes dos primeiros sintomas, os investidores começaram a se retirar do mercado.
Na segunda-feira, 28 de outubro, o Dow Jones perdeu 13%. Na terça-feira, 29, o volume de transações foi de 16,4 milhões de ações, resultado da queda brutal dos preços. O Dow Jones, somado à queda do dia anterior, uma nova queda de 12%, o que fez com que a bolsa perdesse cerca de 14.000 milhões de dólares.
A partir desse momento, o mercado de ações entrou em uma espiral descendente da qual levaria muito tempo para sair, mergulhando o país em uma grave recessão que se espalharia por muitos outros países.
As causas da crise de 1929
Sobre as causas que deram origem à crise de 1929, não há um consenso claro entre economistas e historiadores.
A Grande Depressão tentou se explicar a partir de diferentes correntes. O keynesianismo e a economia institucional, monetaristas e até economistas heterodoxos fizeram suas interpretações…
A Perspectiva Keynesiana
Para as correntes keynesianas e a economia institucional da Grande Depressão, a visão é a seguinte:
- A crise de 1929 estava ligada a uma combinação de subconsumo e superinvestimento.
- Isso fez uma bolha econômica crescer de forma fictícia. Em determinado momento, houve uma perda de confiança que favoreceu uma redução significativa nos gastos com consumo e investimento.
- Como resultado, o pânico se espalhou, com muitas pessoas tentando se manter seguras, afastando-se dos mercados e mantendo seu dinheiro em espécie.
- O dinheiro, com preços em queda, deu origem à esperança de que, com o tempo, a mesma quantidade de dinheiro pudesse consumir mais bens. Esse fato agravou a situação de subconsumo, o que fez com que a economia sofresse.
A explicação dos monetaristas
Para esta corrente, as causas foram:
- A Grande Depressão foi mais uma recessão que, de forma cíclica, afeta as economias capitalistas.
- No entanto, o papel das autoridades monetárias agravou a situação.
- Como resultado da política monetária, especialmente do Federal Reserve, a oferta monetária caiu, o que não favoreceu a economia.
- Ao mesmo tempo, alguns especialistas apontaram que houve uma deflação que aumentou o valor real da dívida.
- O que, em última análise, significava que aqueles que obtiveram um empréstimo ou crédito deviam, em termos reais, mais do que receberam.
As consequências da Grande Depressão
A Grande Depressão teve uma série de consequências em todos os países por onde se espalhou. Essas causas eram econômicas, sociais e políticas.
Consequências econômicas
Do ponto de vista econômico, a Grande Depressão teve repercussões significativas.
- Numerosos bancos faliram como resultado do não pagamento de muitas pessoas que subscreveram empréstimos.
- Além disso, o consumo caiu, o que significou uma queda nos preços e na circulação monetária.
- Muitas empresas, de diversos setores, foram obrigadas a fechar. Os governos, na esperança de resolver a situação interna, passaram a adotar medidas protecionistas.
- Tudo isso, em conjunto, deu origem a uma desaceleração da atividade econômica. Portanto, a renda e a riqueza nacionais de muitos países foram diminuídas.
consequências sociais
Nesse contexto econômico, houve importantes consequências sociais:
- O desemprego aumentou de forma alarmante e generalizada.
- Além disso, os trabalhadores que conseguiram manter seus empregos viram seus salários reduzidos drasticamente.
- Isso aumentou a desigualdade e afetou a coesão social e a estabilidade do sistema.
- O nível de bem-estar alcançado durante a década de 1920 em muitos países ocidentais foi truncado.
- No entanto, não só a classe trabalhadora foi afetada. As classes médias estavam empobrecidas, o que causou grande polarização social.
consequências políticas
As consequências políticas foram talvez as mais marcantes.
- As democracias liberais começaram a ser questionadas, de diferentes correntes políticas e ideológicas.
- Em alguns países, o totalitarismo, de cunho fascista, tendo como principais exemplos a Alemanha e a Itália, seduziu muitas pessoas, que ansiavam por uma saída para a difícil situação que viviam.
- Por outro lado, de outros setores o socialismo soviético começou a ser visto como uma alternativa possível.
- Apesar das muitas diferenças, a intervenção econômica do Estado, embora com muitas nuances, era um elemento comum.
- As intervenções do Estado pareciam adequadas para mitigar os efeitos da crise.
Em relação à ascensão do fascismo, a Segunda Guerra Mundial pode ser entendida como um efeito indireto da Grande Depressão ou crise de 1929.
Também em países com sistema capitalista liberal, implantou-se a ideia de intervir na economia. Um exemplo foi o New Deal americano entre 1933 e 1938. Seu objetivo era apoiar as camadas mais pobres da população, reformar os mercados financeiros e revitalizar a economia americana, por meio de um programa de intervenção pública na economia.