As políticas monetárias funcionaram melhor do que as políticas fiscais durante a crise
A crise global que afetou o mundo inteiro desde 2007 levou a mudanças profundas. Países que pareciam caminhar indefinidamente no caminho da prosperidade acabaram mergulhados na recessão, enquanto outros, mesmo partindo de uma posição desfavorecida, aproveitaram a nova conjuntura econômica para fortalecer seu crescimento.Nas principais economias mundiais, a gravidade da situação abriu um debate sobre a aplicação de políticas de estímulo; tanto monetária quanto fiscal. Portanto, para entender esse dilema que ainda vigora hoje, é preciso antes voltar à origem do problema.
O início da crise financeira de 2007 nos Estados Unidos rapidamente se traduziu no que conhecemos como crise de crédito : os maus resultados do setor financeiro geraram desconfiança nos bancos e o crédito logo parou de circular na economia. Isso, por sua vez, deu origem a uma crise econômica generalizada no restante dos setores que trouxe recessão e desemprego, reduzindo a renda do Estado e aumentando os gastos com benefícios e serviços sociais. Os países afetados foram, portanto, confrontados com uma contração monetária que provocou uma crise fiscal, aumentando consideravelmente seus déficits fiscais. Por isso, essas são as duas políticas (monetária e fiscal) às quais os estados têm recorrido para combater os efeitos da crise e voltar ao crescimento.
Na Europa e nos Estados Unidos houve desde o início uma clara preferência pela expansão monetária. A primeira medida neste sentido foi uma forte redução das taxas de juro de referência (Federal Funds Rate nos Estados Unidos e Euribor na zona euro), que barateou os empréstimos e trouxe alívio às famílias e empresas que apresentavam um elevado nível de endividamento, embora teve um sucesso bem mais limitado na recirculação do crédito na economia. Essas ações foram seguidas por outras, como redução do índice de caixa ou reservas bancárias e programas de injeção de liquidez. Embora os efeitos tenham demorado a ser percebidos, esses fatores (além do processo de desalavancagem e da recuperação progressiva dos mercados) permitiram a retomada do crescimento e da geração de empregos, situação em que Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e Os Estados Unidos se encontram atualmente, a Espanha.
Outros países optam por mudar para políticas fiscais expansivas (especialmente para aumentar o gasto público) como uma via para fomentar o consumo e a inversão e como estimular a economia. No caso de Japón hasta 2012 e de España em 2008-2010 (o Plan E é um exemplo), os códigos elaborados em programas pontuais de inversão pública para obras de infraestruturas. Em ambos os países, o impacto sobre o crecimiento e o empleo fue débil e de curta duração, também contribuiu para o crecimiento da deuda pública e agravou os problemas financeiros do Estado.
O Brasil, a sétima economia mundial, deu um passo adiante. Após anos de intenso crescimento, o governo brasileiro optou por mitigar os efeitos da crise por meio de ambiciosos planos de investimentos em energia e infraestrutura. Embora inicialmente essas políticas tenham conseguido evitar a recessão, no longo prazo o déficit público e a inflação tornaram-se insustentáveis e foi necessário implementar cortes nos gastos que levaram a uma desaceleração do crescimento.
Países como Venezuela ou Argentina foram ainda mais longe, apostando em uma intervenção mais intensa do setor público na economia por meio da nacionalização de empresas e da concessão de subsídios a diversos setores.
Novamente, e à semelhança da experiência brasileira, o crescimento e o emprego permaneceram estáveis por vários anos, mas neste caso a magnitude do gasto público (e a decisão dos governos argentino e venezuelano de financiá-lo através da emissão de moeda) levou a inflação a níveis insustentáveis. níveis. O resultado final foram restrições aos movimentos de capitais e transações cambiais que acabaram estrangulando o setor privado, condenando-o à recessão e à destruição de empregos.
Em conclusão, podemos dizer que as políticas monetárias, apesar da lentidão na dinamização da economia real, têm sido mais sustentáveis no longo prazo, permitindo regressar à trajectória do crescimento e da criação de emprego. Os países que optaram por políticas fiscais expansionistas, embora tenham obtido melhores resultados no início, tiveram que enfrentar sérios problemas de endividamento (Japão) ou inflação (Brasil). Assim, o que foi proposto anos atrás por economistas do campo teórico agora tem uma base real, esperando acima de tudo que essas experiências sirvam no futuro para marcar o caminho para a recuperação.