A fusão do Deutsche Bank e do Commerzbank: problema ou solução?
Tudo parece indicar que dois grandes bancos alemães, como o Deutsche Bank e o Commerzbank, unirão forças por meio de uma fusão. Os objetivos desta operação são: criar um banco mais forte em termos de capital, obter melhores retornos e reduzir custos. No entanto, qualquer fusão tem suas desvantagens, pois pode levar à destruição de empregos. Por outro lado, não se deve esquecer que, se um grande banco precisasse ser resgatado, seria necessário um esforço muito maior do Estado.
Sabe-se que os bancos alemães não têm a eficiência e rentabilidade de outras entidades europeias. Os escândalos e ações judiciais em que alguns bancos alemães estão imersos pesaram em sua lucratividade. Nesse sentido, convém dar uma olhada no ROE, que é o indicador de rentabilidade financeira. Pois bem, os bancos alemães têm um retorno de 5% sobre seus recursos próprios contra 7% dos bancos espanhóis.
Em termos de valor bolsista, os grandes bancos alemães também estão bem abaixo de gigantes como o BBVA ou o Banco Santander, com valores de 35.000 milhões de euros e 70.000 milhões de euros, respectivamente. Contra eles, o Deutsche Bank tem um valor de 17.000 milhões e o Commerzbank está avaliado em 9.000 milhões. Assim, através da fusão entre as duas entidades alemãs, pretende-se, entre outras coisas, atingir um valor mais elevado em ativos e, portanto, um valor mais elevado em bolsa.
Redução de custos, economias de escala e um banco maior
Como é habitual nas fusões entre duas empresas, um dos objetivos é conseguir a redução de custos. Há quem calcule que essa união de forças poderia reduzir os custos em mais de 2.000 milhões e até os mais otimistas, como Bloomberg, falam em 3.000 milhões.
Além de reduzir custos, a fusão permitirá que ambas as entidades eliminem duplicações, disponham de uma rede de balcões adequada à sua dimensão real e prescindam de determinados serviços centrais.
A possibilidade de obter economias de escala é um dos argumentos mais atraentes para uma fusão. A digitalização do setor financeiro é um novo desafio que o Deutsche Bank e o Commerzbank poderiam enfrentar mais facilmente unindo forças. No entanto, deve-se lembrar que, no setor bancário, os recursos economizados com a redução da força de trabalho acabam sendo usados para investimentos em digitalização.
Também não devemos esquecer que o tamanho ajuda na hora de encontrar financiamento. Se os bancos menores encontraram problemas ao emitir títulos, uma grande entidade pode obter financiamento a custos mais baixos.
Por fim, outra vantagem seria a criação de um banco novo e mais forte. O produto desta operação daria origem a uma nova entidade avaliada em 27.000 milhões de euros. Além disso, os partidários de uma operação tão complicada defendem que, graças à fusão, poderiam evitar que o banco caísse em mãos estrangeiras.
Os riscos de um banco excessivamente grande
A partir do Banco Central Europeu, foi promovida a fusão entre bancos para alcançar entidades mais rentáveis e mais fortes em capital. No entanto, a fusão entre o Deutsche Bank e o Commerzbank preocupa as instituições europeias porque acreditam que poderia criar um banco excessivamente grande.
A queda de um banco tão grande como o que poderia resultar da fusão de ambas as entidades poderia supor um esforço e um desembolso colossais para os contribuintes. Por todas essas razões, um comitê de especialistas econômicos alemães conhecido como os “cinco sábios” se opôs a essa fusão.
Unir bancos com problemas não é a melhor solução
A experiência espanhola mostrou que a fusão de entidades com problemas acaba sendo uma má solução, pois o problema se agrava, como aconteceu no caso do Bankia. É por isso que a fusão de dois grandes bancos alemães que passaram por problemas é preocupante. A crise financeira obrigou o governo alemão a adquirir 15% das ações do Commerzbank para recapitalizá-lo, enquanto o Deutsche Bank teve que enfrentar pesadas multas por seu envolvimento em escândalos como “os papéis do Panamá” e lavagem de dinheiro da chamada “lavanderia Troika”. ”.
Consequências do emprego
Um dos efeitos mais dramáticos das fusões é a possível destruição de empregos. O processo de eliminação de duplicidade e dispensa de serviços centrais acaba causando cortes nos moldes. A possível fusão pode causar a perda de mais de 30.000 empregos. Assim, a fusão teve uma oposição muito forte dos sindicatos.
Há muitas questões levantadas pela fusão de bancos tão importantes. É por isso que o impacto que a fusão pode ter não só no emprego, mas também na economia como um todo deve ser devidamente avaliado. E é que, em caso de falência, o resgate de uma grande entidade bancária sempre envolve esforços dolorosos para os cidadãos.